Os velhos sapatos sujos estavam e encrencados
o lixo era a sua única salvação!
Entre o choro de quem tem razão
mas ficar descalço é que não!

A pequena mãozinha arrasta sua mãe
olhando para trás, pedindo salvação.
Olhos inchados, magra que até dá dó
talvez seja a desgraçada da fome....

E assim caminha a mãe e filha pela rua da calçada
onde as ruínas e a feiura estão tão presentes...
O cinzento se confunde com a total sujidade
Da pobre mulher e da triste criança!

Num grito abafado, repleto de dor agonizante
a pobre Maria abraça docemente a sua filha, 
Olhando para o céu ela grita:
- Meu Deus que mais queres, tu de mim!

Um trovão rasga o horizonte trazendo a tempestade
No coração da menina o medo logo se implanta
e agora pensa ela, onde nós ficaremos?
Num duro arrepio, o frio logo a derrota...

Está tudo morto, tudo sem vida, pois somos os únicos
e ninguém , ninguém mais se importa conosco, ninguém!
Somos as peças humanas de um violento jogo voraz
onde nos subjugamos ao capricho de alguém... 

E assim morreram, a Maria e a sua pequena filha
num lugar de ninguém, que outrora era feliz
onde os senhores da guerra fizeram seus jogos
e as pobres coitadas só foram os seus peões...

Paz profunda!
 
 
 
Poema que eu dedico as todas as mães que são vitimas da violência e das terríveis guerras. Hoje resolvi não colocar imagens chocantes, o mundo já está cheio de feiura e acreditem que um pouco de beleza sempre encoraja os nossos corações na fé e na dignidade humana!