APENAS EXISTIR

Como é bom não ter o que fazer, lograr nada,

Porque nada procurei. E assim, nesta escada,

Que é o tempo a correr, sentir apenas aqui,

O breve rumor do vento, como fugindo de mim.

Ah, dormir, e mais nada. Sentir ao longe a fina

Gravilha, de uma estrada empoeirada. Atina

Poeta, se sentes, como se o não fizesses, então

Deita-te, e dorme, com fome no coração.

E eu que sinto com os olhos, do lápis o metro,

Vejo no rubor do sol a luz com que me perco.

Oh, rio da minha aldeia, não me acordes agora,

Que eu estou dormindo, ao sol que me namora.

Jorge Humberto

04/07/07

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Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 07/07/2007
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