CANÇÃO EREMITA

Tricoteio aqui, talvez, minha ode

à flor comigo ninguém pode.

Sou dado a romper concretos,

Daquele bem raro se apieda,

Consistência de quebra pedra

Cujos rumos andam incertos.

Sigo recomendações, às vezes oro

E em meus pedidos afloro amor pelo mundo,

Mas não se iluda, nunca choro

Ante festas à felicidade, saio pela porta dos fundos.

À flor comigo ninguém pode meu deleite

De suster orvalhos, qual copos de leite.

Meu peito feito jardim contém florescências.

Minh'alma espraia pólens, pétalas, aromas,

Posto que cultivo apenas bons sentimentos;

Mas fartei-me de arengas e convivências.

Sempre, sempre desejei das coisas uma soma.

Optei somente pela paz, abaixo os tormentos.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 07/11/2018
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