A PAZ
Potente,
voz deslizando docemente, tocando, massageando,
entrando pelos poros, pelos ouvidos,
invadindo todos os sentidos.
Vem dos corais,
brota dos coqueirais,
suave brisa que o vento traz.
Não se fabrica em usina,
nasce de um sorriso, de um abraço amigo,
de um olhar de menina.
Paz é abrigo,
avesso do perigo,
é o que todos querem,
oposto do corte que fere.
Valiosa como um segredo,
quase um segredo,
água fluindo entre os dedos.
Sem moradia,
não tem rosto, não tem dia,
coragem, coerência,
libertação das amarras da consciência.
Vem da melodia, da canção,
do desejo profundo de saciar o mundo com
seu perdão.
Presença de espírito,
rosa na sala,
quando a alma nos cala,
com o raro perfume que exala.
Também vem das brigas,
da guerra travada,
que despedaça o amor,
e o transforma em quase nada.
Tarde bela num rio sossegado,
espelhando beleza por todo lado.