profetizar
um eco ribombante sem mais querer
rasga o silencio desalvorado
ele percorre nauseabundo as amplas e solitárias salas
de cheiro mofoso,
de convento abrumado nas encostas de uma montanha,
pseudodivina sem o toque do ser,
que só por ser destrói a arte do belo sensacionalista
ligeiro e rápido desenha no ar a melodia que o propaga
até a sua missão profetizar,
levar aqueles que não sentem
a verdadeira chama do amor,
purificar aquele ser que de tanto olhar
acabou por se achar homem profanador
para que ter tanta pena
se tudo o que constrói assim o destrói?!
Num ato de sacramento,
numa composição melódica
num grito divino
as sombras parecem clarificar
mas o homem voltou a adormecer
no conforto do silencio,
no calor do comodismo
deixando por si só a vida correr
ao ritmo de um simples observador.