A MINHA ALMA

 

 

A minha alma hoje mora

Na beira de uma estrada

Por onde ninguém passa.

Sentada, ela sempre aguarda

(Mas sem expectativas)

Uma manhã sem auroras.

 

Às vezes, ela descansa

Na copa de uma árvore

Plantada na encruzilhada.

Num galho, minha cauda enrolada

Assim, meio por acaso,

Me balança sobre o nada.

 

A minha alma vã medita

Em uma caverna profunda.

Do fundo, eu enxergo a lua

No céu de uma noite infinita,

Mas embora eu às vezes grite,

O eco não responde.

 

Minha alma não tem nome,

Mas ela sempre usa o meu.

E ela repete uma prece

Pelo que de mim morreu

Numa entrega abençoada,

De uma dolorida fome.

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 19/04/2023
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