CHÁ

 

A gente engole a mágoa

Que temos da vida

Servida na xícara;

Paz conquistada.

 

Cabo de adaga

Rachado,

A lâmina corta a mão

Que com precisão,

A agarra.

 

A gente engole a mágoa,

A gente se afoga,

Agora é tarde, a hora é morta,

Nada pode consertar

A engenharia torta.

 

A vida estrangula,

Sufoca a garganta

Que tenta gritar

Enquanto cresce a angústia.

 

A gente escala as paredes,

Regurgitando o medo,

As unhas arranham, agarrando

Deixando marcas profundas

Rasgando os nossos segredos.

 

E a vida nos consagra,

E a gente vira gárgulas

Nas soleiras das nossas portas,

Espantando aquilo tudo

Que nos mata.

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 25/07/2023
Reeditado em 25/07/2023
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