Passos secos
Se de repente choves,
Possuístes guarda chuva?
Enxergas, pois, as gotas,
Enfrentas a enxurrada?
Aperta os passos, relampeja,
E socorre o desespero,
Fita os olhos em sua rua,
Marca o tempo e direciona.
E se as gotas se encorpam,
Transfere o pouco e ainda insiste,
Veste o opaco transparente
Reza aos seus antepassados,
Cai por terra em desespero.
Olha pra traz e por si existe,
Corre aos largos passos turvos,
Se desprende dos flagelos .
Abre o velho artefato,
Que com rasgos ainda enxuga ,
Que despede da insolente,
Traiçoeira e fria chuva.
Não há cacos na beirada,
Nem há gotas na calçada,
Acendeu antiga lua,
Foi-se embora a enxurrada.