Plágio

Tão difícil isso de escrever

O que sinto

Quando penso em você

Busco o ineditismo

Tento o original

Mas o que me vem à cabeça

Tudo tão igual

Tudo

Já foi antes pensado e sentido

Alguém primeiro

Já sofreu desse mal

Que me atinge

De modo tal

Que nada do que escrevo

Já não foi, antes de mim

Escrito por outro mortal

Não passo de um copista

Com algum estilo, talvez

Mesmo assim, vigarista

Fazer o quê?

Não sou o primeiro a sofrer essa dor

Nem serei o derradeiro

Que morre aos poucos por amor

Mas nem tudo está perdido

Não sou assim todo farsa

Minha originalidade

Existe, é verdade

Não está no escrever

Nem tampouco no sentir

Está na intensidade

Se o que escrevo

São palavras batidas

Cansadas

Que não sejam desprezadas

De tanto estar

Escritas noutro lugar

São palavras verdadeiras

Que escreve

Somente quem sabe amar

Porque conheço bem o que é amor

Por isso sinto essa dor

Não é só de ouvir falar

E sei que não sou poeta

Também não sou escritor

Sentir tamanha dor

Isso não me habilita

Sei também que depois de mim

Outros copiarão

Minhas letras

Meu sentimento

E o que me traz algum alento

É saber que ninguém

Antes de mim ou depois

Amará como eu te amei

Eu

Que amo por nós dois

Flávio Sant'Ana Lopes

08/08/2005

Flávio Sant Ana Lopes
Enviado por Flávio Sant Ana Lopes em 25/01/2006
Reeditado em 22/06/2006
Código do texto: T103661