Sentidos I
Meus olhos viram você
E demoram-se em te olhar
Insistiam em não fechar
Tinham medo mesmo de piscar
Medo de abrir
E você não estar mais lá
Minha boca te percebeu
E nunca mais te esqueceu
Teu gosto
Teu sabor
Viciou meu paladar
Esse doce néctar
Teu cheiro
Ainda tão em mim
Tão entranhado assim
Perfume igual não conheço
Mesmo se quero não esqueço
E meus ouvidos
Que ouviram tua voz um dia
Gravaram a suave melodia
Que saiu da tua boca
Nem grave nem aguda
Meio límpida meio rouca
Esse som celestial
Nunca se ouviu igual
Que saiu da tua boca
Minhas mãos conhecem bem
Teu desenho
Tua forma
Por isso não se conformam
Tateiam no escuro
Esculpem no vazio
As curvas delicadas
Desse teu corpo macio
Flávio Sant'Ana Lopes
09/08/2005