Ponteiros

Passo dias inteiros

Com meus olhos vermelhos

Fixos em ponteiros

De relógios analógicos

Que marcam um tempo não lógico

E é lógico que não vejo

Nada além do desejo

De que os ponteiros distraídos

Girassem com menos vagar

E tornassem menos dolorido

O tempo em que não está

Esse tempo que não passa

Por que tamanha desgraça?

Dias, semanas, meses

Demoram-se tanto que às vezes

São análogos à eternidade

E sem você comigo

Cada segundo é castigo

E o tempo que sobra, saudade

Olhos vermelhos

Sorriso amarelo

Reflexos num espelho

Um relógio velho

Um eterno castigo

Sem ponteiros

E uma saudade analógica

O tempo todo

O tempo inteiro

Flávio Sant’Ana Lopes

21/09/2005

Flávio Sant Ana Lopes
Enviado por Flávio Sant Ana Lopes em 25/01/2006
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