ESPAÇO VAZIO

ESPAÇO VAZIO

(Poet Ha, Abilio Machado. 12.97)

Nossos olhos cruzam o ar esfumaçado

Minhas mãos tateiam por alcançar

É vago... O nada!

Meu corpo suado enrola-se em espasmos

Ao meu lado

Paredes sem vida perdido no opaco das sombras

Meu monstro desperta no breu

Me assusta... É o momento só!

Só? Sim... As cores estão em negro

Absurdamente em negro está minha esperança

O fôlego nem é mais

Tampouco me alimenta

O cigarro no depois não tem mais sabor

O aroma do amor virou dor...

O vinho perdeu o tano e o teor

As imagens me castigam

Os olhos teus que se foram

A face recortada, as curvas em monumento

E as horas de prazer

Seu movimento...

No abraço prometido e que não foi me dado

No vazio surgiu o meu cansaço

Sentimentos que descobertos

Preenchem meu peito e minha:

__Saudade!

O preço é alto quando desdobra a sinfonia

De todos os meus desejos em acordes

D’um sax envelhecido

Me vejo num estalo, tropeço, levanto

A falta sufoca, e me leva... Aperta!

O lado obtuso está acoplado bem dentro de mim.

Há talvez um lugar teu

Sem tua presença

Aqui fora uma ausência

Esperando seu elemento

Não demore te digo

Este espaço só aumenta

Eu?! Morro aos poucos...

No morro sem vento

Me faço em atos

Não querendo acordar.

Não acordar jamais deste pranto

E estar em seus braços

E ser simplesmente teu!!!