Saudade sem versos
Procuro versos de saudade
Encontro um copo cheio
De espumas de lembranças
Em meio a um boteco vazio
Onde sambo e cambaleio
Ao som de um radio velho
No qual Vinícius me diz
“Chega de saudade...”
Sento e peço mais um trago
E esse me chega envenenado
Sem tropeço me entorpeço
Mais ainda de versos soltos
No tamborete me vejo foguete
Subindo mais alto que as nuvens
E de repente sou quem cai cadente
Na cadência de mais um samba
Meu sambado agora é sôfrego
A saudade me consome inteiro
E não encontro versos pra ela
Em meu bolso, resto de dinheiro
Vou largar o copo no balcão
Vou urinar a tristeza no poste
Da esquina da minha solidão
Antes que ascenda a luz do dia
Nesse resto de madrugada
Minha cama é minha dama
Caio no sono e saio da lama
De ter uma saudade sem versos