Logo ao lado

A caixa, onde jaz teu corpo perolado,

Onde jaz também o meu, logo ao teu lado,

Toca aquela minha canção noturna,

A urna de ninar meu triste eu –

Um bebê que chora a tua falta,

Um velho que pranteia quem morreu...

Traz, minha casa acrílica, quase acústica,

Minha caixa lírica de música,

Teu poema escrito no marulho

Que ondas muitas fazem quando dançam,

E é em teu mar sem rumo onde plantam

As minhas lágrimas saudades tuas...

Em minha pequena concha salvarei

Tanto o teu mar, tanto o pranto que chorei,

Para que a canção que entoas sempre embale

As ondas do oceano que criei.

04 de março de 2006