Dona Ana... Aninha... Que saudades
Ofertou seu ventre como morada...
No colo macio sustentou nosso peso e o peso do mundo...
Entregou sua vida a treze criaturas suas,
Frágil mulher que ensinou o sentido de força...
Doce mulher que nos dotou de bravura...
Pobre mulher que nos cobriu de ternura!
No seu seio, donde colhemos a vida e a esperança,
também deitamos nossas desilusões...
Ali, se tínhamos fome encontrávamos sustância,
Sentíssemos medo, vislumbrávamos esperança,
Sentíssemos tristeza encontrávamos sorrisos...
Ela nunca abortou sua fé nem desistiu do seu canto...
Velou nossos sonhos febris
Ninou nossas ilusões imprecisas
chorou nossas vitórias, contou nossas histórias...
Que saudades!
Quanta falta faz o colo de Aninha, pequena mulher...
Sonhos perdidos, vitórias e histórias...
O ventre morno, as palavras duras, a voz segura...
Tanto medo da solidão, da morte, da vida
sem Aninha pra nos acalentar...
Que saudades!
De sua fé, esperança, do seu amor sem precedentes...
Querida, nossa Aninha, dona Ana, dá-nos seu colo de novo
nos segundos de sonhos noturnos
Vem nos enxugar o pranto, não nos deixe tão sós...
Vem visitar-nos nas nossas desventuras,
Canta para nos ninar...
Que saudades! Que vontade do seu olhar,
Que distância absurda,
Dona Ana... Aninha,
Nomeada de amor, batizada de mãe...
Como o caminho ficou longo e vazio sem o seu caminhar!