Esperança

Quando o primeiro frio se aproximava

ela me deu um cobertor e disse

que viria me aquecer.

Eu fiquei esperando,

mas o primeiro frio chegou

e ela não veio.

E estava por vir o segundo frio

quando ela ligou pedindo para esperá-la.

Botei lenha na lareira

e aqueci chocolate,

mas o cheiro de saudade que pairava no ar

me fez entender que ela não viria.

No frio daquele ano,

o terceiro,

eu pedi que ela viesse.

Prometeu que sim.

Comprei vinho do bom

e discos de jazz.,

mas, mais uma vez,

ela se fez ausente.

Quando o inverno do quarto ano chegou

não nos falamos.

Uma réstia de esperança

botou-me frente à janela

espiando o horizonte

pensando que, talvez, ela

pudesse me fazer uma surpresa.

Mas nada aconteceu.

Agora o quinto frio se prenuncia.

Vez em quando olho pro cobertor

que ela me deu e,

com uma certa apreensão,

espio a esperança pela fresta da janela...

Carlucho
Enviado por Carlucho em 20/10/2008
Reeditado em 21/10/2008
Código do texto: T1238634
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