A UM AMIGO MORTO

Já és um pouco de cipreste, e tens

um estranho vibrar cada manhã;

Não é para ti que toca o sino,

se gorgeia a vida que não sustentas.

Já és seiva de rosas... O teu destino,

amigo das rosas, se desfolha

e êsse pouco de sol e essa ligeira

doçura com que agora te apresentas.

Amigo dos álamos, amigo

do rouxinol, da tarde e da quimera,

companheiro de outonos e verãos...

Voltar outra vez a caminhar comigo,

que é impossível, agora, na primavera,

teu amanhecer é de silêncio e escuridões.

(à meu irmão Marcos que foi para o outro plano.)