LUZES QUE NAO SE APAGAM (reedição)

Luzes que não se apagam

As lágrimas que correm em meu rosto

Umedecem os versos que lanço neste manto

Hoje me sinto como um jeca

Quando me recordo das noites de estrelas

Em minha infância querida

Nestas noites de cidade grande

Os arranha-céus não me permitem olhar

Onde eu escondo os meus sonhos

As luzes artificiais substituíram os lampiões, os vaga-lumes e

o prateado dos luares com seus mistérios e magias

Aqui eu tenho o progresso, a medicina, os carros, as indústrias,

A educação que nos revolucionou

Mas sinto falta daqueles momentos

De espanto, de medo, de fantasias, das histórias sem cabeça,

Das amizades simples e queridas

Dos acordes da madrugada, os galos e o cacarejar das galinhas,

o canto dos sabiás, dos canários e das corruíras

Das peladas nas manhãs dos domingos, das pescarias nas tardes de trovoadas

Dos papos sem sentido e da razão de viver tão intensamente

Cada dia, com suas novas e coloridas cores

Cada noite, com suas velhas e assombrosas sombras

Se tudo valeu a pena, nada do que foi deixado para trás foi perdido

Fotografamos os cenários e os repetimos inúmeras vezes, como filmes em nossas memórias

Recolhemos os sentimentos das partidas e das chegadas, das alegrias e dos infortúnios,

Dos ensinamentos e dos amores e retornamos com eles para o futuro

Do alvorecer trouxemos o brilho no olhar

Do entardecer a eterna saudade

Robertson
Enviado por Robertson em 01/12/2008
Código do texto: T1313821