sinais
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"e o sono, a mais incerta barca,
inda demora," – eugénio de andrade.
pela manhã a luz atravessa janelas,
aquece os gestos do amanhecer,
nas paredes desdobram formas esmaltadas
em, denunciante, filetes dourados:
filigranas à nuca da moça,
como se mãos de quentumes,
pormenores que se desfiam
em solares e delicados movimentos
ela, passa o tempo à espera
de um poema, enquanto,
a saudade cintila...
todos os dias amanhecem assim
: em lastro, aquecido, de perfumes,
que da moça se desprendem
e o poema se tece
quente...
marcia eduarda
sinais - dezembro/2008
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