Filho de Minas

Filho de Minas

Rede armada na varanda

teto de estrelas

estrada de pó.

Vales e serras

terras de Minas,

jamais termina o meu cantar.

Violões e fogueiras

meninas faceiras

cachaça e poesia

serenata e cantoria

ventos gelados

“prôs” lados de Minas,

jamais termina meu caminhar.

Ouro e história

sonhos de liberdade

minha cidade

não é uma só.

Pó da estrada

rincões e paradas

nas vaquejadas

das Minas Gerais.

Nos tempos d’El Rey

calei minha voz.

Fiz-me conspirador,

nasceu a revolução

nas violas do trovador.

Minha cidade

não é uma só

não tem nome nem fronteiras

segue as carreiras

do gado e das estrelas.

Minha cidade não é uma só.

Limites? Jamais!

Minha cidade

é toda Minas Gerais.

Mauro Gouvêa

Ouro Fino, 17 de março de 1986