DOR

Haverá esperança para aqueles que

choram sozinhos na madrugada?

As cortinas em sua dança leve

são como os pensamentos tristes.

O silêncio, quase sempre amigo,

é companheiro de dores, reforça o só-ser.

Comigo, cães igualmente tristes

lamentam na madrugada, coro de sozinhos.

O livro aberto eternamente naquela página

que não ouso virar porque a saudade

é uma companheira agradável e calma,

muitas vezes. Em outras, uiva, lupina.

Meus olhos abertos, na madrugada,

procuram o que não mais será,

o que não mais virá e encontram a penumbra

do meu coração solitário e amante.

Sombras, só há sombras.

A cama, triste no final do baile,

esquecida e vazia no canto mais claro,

pede minha companhia e me envolvo

no último lençol que foi feliz.

Há um perfume,

uma fragância de dor para os meus sentidos.

Ainda há um pouco do seu perfume,

tênue na madrugada.

Está indo lentamente de mim,

assim como voce se foi,

saindo, saindo, saindo sempre.

Saindo para sempre.

Saramar
Enviado por Saramar em 02/04/2006
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