A moça

A moça

Quem seria aquela bela?

Quem ela me lembrava?

Tinha o semblante suave,

Cabelos longos,

Lábios vivos e frescos,

Sorriso leve e aconchegante.

Me perdi naquele olhar

Que inspirava rosas e tulipas,

Eu que por ali passava

Lhe cumprimentava e lhe sorria.

Em troca recebia um sorriso

Que soava triste

E um breve aceno melancólico.

Estava no mesmo lugar todos os dias

Não se desviava um milímetro.

Parecia que por mim esperava

Mas quando eu passava nada dizia,

Apenas me olhava e me seguia.

Quem seria aquela moça?

O que queria de mim?

Pensei em perguntar,

Mas nunca tinha tempo.

Continuei a por ali passar,

E ela sempre a me olhar.

Foram semanas assim.

Percebia que aqueles olhos

Procuravam por mim

Como se quisesse dizer algo,

Mas nunca cheguei perto daquela varanda.

Durante dias aquela moça ficou sumida

Não estava naquele lugar

Tomei coragem de perder um pouco do meu tempo

E fui até aquela varanda para perguntar

Onde estavam aqueles olhos

Profundos que me interrogavam?

A resposta que tive me entristeceu

Uma senhora disse-me que Manoela,

Esse era o nome da moça,

Havia nos deixado, estava doente,

E finalmente havia descansado.

Hoje quando vou ao seu túmulo

Meu peito se aperta e minhas lágrimas caem.

Choro por alguém que não conheci,

Mas que deixou em mim a saudade

De uma amizade que não vivi.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 16/01/2009
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