A moça
A moça
Quem seria aquela bela?
Quem ela me lembrava?
Tinha o semblante suave,
Cabelos longos,
Lábios vivos e frescos,
Sorriso leve e aconchegante.
Me perdi naquele olhar
Que inspirava rosas e tulipas,
Eu que por ali passava
Lhe cumprimentava e lhe sorria.
Em troca recebia um sorriso
Que soava triste
E um breve aceno melancólico.
Estava no mesmo lugar todos os dias
Não se desviava um milímetro.
Parecia que por mim esperava
Mas quando eu passava nada dizia,
Apenas me olhava e me seguia.
Quem seria aquela moça?
O que queria de mim?
Pensei em perguntar,
Mas nunca tinha tempo.
Continuei a por ali passar,
E ela sempre a me olhar.
Foram semanas assim.
Percebia que aqueles olhos
Procuravam por mim
Como se quisesse dizer algo,
Mas nunca cheguei perto daquela varanda.
Durante dias aquela moça ficou sumida
Não estava naquele lugar
Tomei coragem de perder um pouco do meu tempo
E fui até aquela varanda para perguntar
Onde estavam aqueles olhos
Profundos que me interrogavam?
A resposta que tive me entristeceu
Uma senhora disse-me que Manoela,
Esse era o nome da moça,
Havia nos deixado, estava doente,
E finalmente havia descansado.
Hoje quando vou ao seu túmulo
Meu peito se aperta e minhas lágrimas caem.
Choro por alguém que não conheci,
Mas que deixou em mim a saudade
De uma amizade que não vivi.