MOMENTOS
Naquele tempo
As noites de fogueira na casa do Vô
Cheirosas e curtas,
Eram a única coisa que importava.
O crepitar da lenha,
Fragmentos de pensamentos
Encontravam os versos de cordéis recitados,
Completos pelas risadas do aconchego.
Isso era um sossego!
Ah! Naquele tempo
O amanhecer era preguiçoso
Fazia cócegas nos pés frios da madrugada
E mansamente sacudia o orvalho
E emudecia o galo da tia carinho.
O milho de molho...
O café no fogo...
A água do pote...
Isso era uma sorte!
Naquele tempo
A única coisa que importava
Era descer o leito do riacho
Pensando achar botijas de ouro
Subir nas mangueiras coités
E jogar de cima o fruto
Que esparramava e perfumava a terra
Aos pés de araçás, e pitombeiras
Isso era uma brincadeira!
Naquele tempo
A única coisa que importava
Era os meses de engenho de cana
O alfenim puxado e estapeado
Em sofrimento dourado
Transformando-se em uma linda rosa doce
Muito doce...
O melaço escorria nos cantos da boca
Isso sim era um sonho!