Imemorial

Hoje eu vi velhas fotos.

Vi suas mãos quando ainda tinham forças para apertar.

Vi seu sorriso, quando tinha um corpo para o carregar.

E vi velhos planos, que nunca mais se cumprirão

E eu senti tantas saudades...

Tive vontade de ver aquele filme que eu só fingi gostar.

Vontei uma mentirinha, dessas que podem ser contadas...

Pra te agradar.

E tive vontade de ver todos os filmes,

Que eu não vi ao seu lado.

Tive vontade de passar uma tarde sentado

Contando o que já não deixa tempo mais.

E o tempo me traiu.

Vejo imagens de segundos finais

Quando, agarrada na minha roupa,

Com um último olhar,

Não me pedia ajuda...

Agarrava-se ao sopro de vida que ainda havia em mim...

E que se esvaía de você...

E você, um sorriso débil.

Uma dependência febril.

E é estranho assim.

É bagunçado do mesmo jeito.

Dem métrica, sem regra pra rima,

Às vezes, não tem final mesmo,

Nem espaço para um tchau, uma despedida...

E nem sempre sai como a nossa vontade.

Acontece que agora estou mais tranquilo

Sabendo que longe, deve estar melhor do que eu.

Não sei se a saudade é da alma,

Mas tenho saudade da presença

Da esperança...

Da lembrança...

E assim, por mais ainda eu me torture

De tudo aquilo que eu mesmo não fiz,

Há sempre uma esperança que perdure:

Seu nome não seja em marca de giz.