ÊTA PASSADO !

ÊTA PASSADO !

Oh... cruel passado !

" Você " tem me matado,

Quando não de tristeza

De lembrar sofrimentos,

Com a mesma aspereza,

Quando lembro bons momentos.

E saber que a verdade

É não poder mais voltar,

Ao tempo da mocidade...

Dá vontade de chorar !

Lembro-me saudoso,

Do topete que usava,

Do cabelo bem lustroso,

Quando a gente respeitava,

Professor e um idoso.

Tempo do bolerão,

Do Rock e do Chá-chá-chá,

Samba, twist e baião,

Orquestras de arrasar !

Calças boca-de-sino,

Garotas de minisaia,

Todos, quando meninos,

Vivendo na gandaia.

Que belo tempo ido,

Que a gente namorava,

E o hímem era rompido,

Só quando se casava !

Que saudades que eu sinto,

Da cueca samba-canção,

Quando bilau era pinto

E mano era irmão,

Mina era de carvão !

Usava-se calça " Lee ".

Garotos usando narcóticos,

Juro que nunca vi.

Não existiam neuróticos,

De matanças coletivas,

O trânsito não era caótico.

Lembro-me da missivas,

Escritas com tanto amor !

E as belas serenatas,

Todos viravam cantor...

Usando terno e gravata.

Que tempo sem mistérios,

Que a comida era sadia

E os bancos eram sérios,

Políticos sem mordomia.

Tempo em que os trotes,

Eram mera brincadeira,

Viam-se poucos calotes,

Durante a vida inteira.

Oh... tempo que é covarde,

Deu-me tanta coisa boa...

Agora a saudade me invade

E quando fico à toa,

Ponho-me a recordar,

Os olhos se transbordam

E o coração a pulsar,

Mente e corpo concordam,

Nunca mais vai voltar !

Auro.