SAUDADES, MEU AMOR

"SAUDADES"

Vens

como um delírio vermelho

que me rouba as palavras

e a matriz da verdade

num rumor de cadeias

Como se não me fosse consentido

o revoltado grito da amizade

na íngreme montanha

onde as palavras despertam

o nácar das bocas alheias

Repetem-se os gestos rotinados

num alucinante bailado de espelhos

ferindo de monotonia

os olhos cansados da poesia

Porque não voltas

por entre o tumulto dos dedos

e o cheiro das maresias?

LuizaCaetano