O BALÉ DAS FLORES NO RIO

Quando moleque fui daquelas crianças tão arteiras,

Correndo entre árvores com frutas de sabor incrível;

Lembro-me dos dias de ventania e brisas tão ligeiras,

E flores caindo no rio, que levava beleza tão perecível...

Pétalas brancas e róseas desciam o rio em fileiras,

Tentando em vão chegar ao clímax, seu fruto inatingível...

Hoje vejo máquinas, plantadeiras e colheitadeiras,

Arando e semeando, mas com uma aridez horrível,

E um homem derruba a última das árvores verdadeiras,

Com aquela atitude que não é crível, não é possível;

Pela última vez eu vi as flores das belas cerejeiras,

Boiando e girando, descendo o rio...balé inesquecível...

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 15/05/2006
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