CONFRONTO

Quando os tempos deixarem de parar

E a vida sorrir pelo estreito do rio

Vamos encontrar centenas de folhas amareladas

Que foram deixadas ao léu.

Não precisaremos mais apagar da memória

Os momentos que nos fizeram voltar

Atrás de decisões mal-entendidas

Porque deixamos de pensar em nós mesmos

E começamos a refletir como o outro está

Se realmente ele tem melhorado de atitude

E tem recebido a devida atenção.

Quando as nuvens passarem em branco

E correrem pelo céu no fim da tarde

Sentiremos então o calafrio da dúvida

Que nos assedia toda hora

E nos deixa pasmados com tanta dificuldade.

Para onde vão nossos esforços?

O que é feito de nossos ideais?

Vivenciamos cenas desarticuladas pelas ruas

E o abandono e o descaso a se propagarem.

Na esquina um menino chora sua tristeza

De ser mais um que não pode prosseguir.

E nada mais podemos esperar, nem mesmo

Um sorriso, um abraço, um aperto de mãos

A secura do momento nos faz calar

A dor da saudade nos sufoca e constrange

O grito dos inocentes se propaga afora

E continuamos inertes e alienados...

Como que em sono profundo

Sem ilusão, nem alegria, nem entusiasmo

Apenas viventes perdidos como ovelhas desgarradas

Sem lutas, sem tréguas, sem vitórias...

Somente imagens de folhas ao vento...

São Paulo, 4 de março de 2008.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 07/05/2009
Código do texto: T1580832
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