Um sentido perfeito

Eu busquei no espaço a continuidade

precisa para tentar descrever,

colorir uma nostalgia.

Desenhei no rascunho de páginas

passadas o retrato de uma

fuga impressa na solicitude dos tempos.

No vácuo da resistência fui

capaz de preencher a eterna

vontade de viver, jamais querer renunciar.

Igualar-me na mínima essência

de sentir e poder criar.

Fui capaz de tornar-me parte

íntegra a um sonho avulso

e como um pássaro em terras

desconhecidas pousei.

Fui flor num só canteiro de

amor e nele padeci.

As chuvas de inverno trouxeram-me

a inconstância das coisas e

com isso acomodou-se a neutra esperança.

Segui o contorno das montanhas

no horizonte e transpassei cada nuvem

a passear pelo céu. Meu sorriso anuviou-se

durante uma de minhas partidas , passagens

ausentes no tocar. As estrelas respingavam raios

cintilantes e dos meus olhos

apenas apareceram as primeiras marcas de dor.

Busquei um sentido perfeito na

simplicidade de querer doar um

pouco de afeto , receber em troca

a felicidade de um puro adeus

incontido num aperto de mãos.

Com isso foi-se embora minha juventude.

Os anos passaram-se e apenas

deixaram como lembranças

as velhas cicatrizes. E eu envelheci...

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 20/05/2009
Código do texto: T1605137
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.