grafite

não posso pintar

mas posso escrever

posso não escrever bem

mas escrevo o que sinto

como ele pinta o que sente

escrevo com a alma

ele pinta com a dele

a escrita me acalma

a pintura o atura

e o deixa à vontade

como a escrita comigo

por vezes nos abstraímos

do que somos

de quem somos

nos decompomos,

destituímos

desiludimos

tiramos a roupa

sem ficarmos nus

nos prostituímos

sem alicerce

nos desvirginamos

cheios de prece

antes que comece

chegamos ao fim

da casca do ovo

nós somos semente

viramos serpente

do que desejarmos

pintamos o tudo

escrevemos o nada

no fim da empreitada

dizemos pra gente

melhor é escrever

melhor é pintar

Rio, 16/04/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 16/06/2009
Código do texto: T1651953
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