Ladra do próprio amor !

Sinto saudade

Do abraço não dado

Da tuas boca que não tocou a minha

Do meu corpo que não encostou no teu

Saudade do que poderia ser

Dos momentos de magia que me roubei

Ladra de mim mesma

Ladra dos próprios sonhos

Não burlei a Lei de Deus

Não traí, não me deixei envolver

Quando vi nos teu olhar um brilho

Ouvi no ar uma canção

Ou estava delirando?

Meu coração disparou, senti medo

Medo de amar, de ser feliz

Acostumada ao desalento

Pensei na sogra velhinha , no marido,na cunhada

Naquele meu relacionamento aos pedaços

Pensei que era missão, cruz

Que não poderia desistir

Deus não iria me perdoar

Resolvi seguir minha vida sem perspectivas

Unir a família, que não formou um lar

Universalizei o meu amor

Para nós, uma vida é pouco

Nada pode acontecer

Estamos atrelados

E o que nos permitimos?

Amigos, apenas amigos

Irmãos de alma,de gostos, de encantos

E qualquer música bela me faz pensar em ti

Gostas de dançar, eu também

Quem me dera bailar nos teus braços

Bem coladinha à ti, sentindo tua respiração

Meu coração aos pulos

Quem me dera as noites serem feita de duas horas

São tão longas a noite sem ti

Nós dois de mãos dadas

Nas ruas, no mercado, na praça, na faculdade

Na cama, no sófa,mãos nas mãos

E nos momentos de muita dor

Quem não as têm, estando vivo ?

Tuas mãos enxungando meu pranto

Sabes que choro por tudo

Pelas crianças do mundo

Pelas drogas, os políticos corruptos.

Choro de tristeza , de alegria,

Se não fossem meus amigos

Nenhuma mão tocariam nas minhas,

Nenhuma mão enxugaria meu pranto

Bendita faculdade que me dá vida

Meus jovens amigos, quase crianças.

Aos filhos não se mostra fraqueza

Filhos não conseguem entender

Amor entre os mais velhos

Carinho, paixão, educação

Tuas mãos na minha cintura

Ao atravessar uma rua

Quem me dera ver-te abrir a porta do carro,

Puxar a cadeira para eu sentar

São tantos os momentos de educação,

É um perfeito Lord

Não gritas, só falas mansamente

Seja com o maluco,o andarilho, com a Dama

Filhos morrem de rir de todos estes valores,

Mães não precisam de nada

Só se doarem,

São incapazes de sentir

O coração despedaçado, a solidão

As noites insones, os dias longos

Só olham para si,

Assim são todos os filhos, crescem e se vão

É para isto que os criamos

E ficamos sós,

Não me dei chance de ter alguém

Esqueci que eles iriam crescer

Fui a ladra da minha própria felicidade

E vejas o que recebi,

Por ser covarde e fugir

Uma família aos pedaços

Um inimigo como companheiro,

Inimigo de si mesmo, dos filhos, do mundo

Uma cela muito feia

Uns gritos como alento

Nem é cela, é solitária

Sem música, sem alegria

Um amontoado de noites iguais

Um companheiro, meio morto

Uma vida meio torta

Mas não desisto,

Te perdi nesta vida

Por covardia,

Não queria desfazer

O que nunca existiu

Hoje, tenho amigos

Estudo, leio e escrevo

Na minha solitária, meus sonhos

Nos meus sonhos, tua imagem

E a saudade, que me alimenta

Saudade,eterna saudade.

Flor do Córrego
Enviado por Flor do Córrego em 18/07/2009
Código do texto: T1706031
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