Mulher da Ilusão
Apalpo o escuro
no breu da esquina:
há fantasias rasgadas
pela madrugada.
Um mulher da ilusão
vasculha o entulho
dos saraus vespertinos.
A escrivaninha desfalece
na intensidade do calor.
Pelo atalho da escrita
reconheço
o puro mundinho
sem atração:
(os mistérios ficam para
depois do encontro).
Cortando o céu dos quintais,
ruas esmolam por mais.
Mais matemática ao anoitecer.
Acomodada se assenta
a mulher
em trajes de pérola.
E, em cada retorno do relógio,
o bem formado
estilo medieval.
Cerimônias feudais
se confirmam mesmo antes
que a poeira das horas
se lance
sobre o frenesi dos autores.
Conversas paralelas
separram
a realidade da ficção.
Lavanda
- é o cheiro do cachecol
primorosamente tecido
e guardado no divã.
Ela então passa
e atalha a compaixão.
Seus cuidados de vida
não podem ser invertidos:
ela é toda ilusão.
São Paulo, 16 de julho de 2009.