Mulher da Ilusão

Apalpo o escuro

no breu da esquina:

há fantasias rasgadas

pela madrugada.

Um mulher da ilusão

vasculha o entulho

dos saraus vespertinos.

A escrivaninha desfalece

na intensidade do calor.

Pelo atalho da escrita

reconheço

o puro mundinho

sem atração:

(os mistérios ficam para

depois do encontro).

Cortando o céu dos quintais,

ruas esmolam por mais.

Mais matemática ao anoitecer.

Acomodada se assenta

a mulher

em trajes de pérola.

E, em cada retorno do relógio,

o bem formado

estilo medieval.

Cerimônias feudais

se confirmam mesmo antes

que a poeira das horas

se lance

sobre o frenesi dos autores.

Conversas paralelas

separram

a realidade da ficção.

Lavanda

- é o cheiro do cachecol

primorosamente tecido

e guardado no divã.

Ela então passa

e atalha a compaixão.

Seus cuidados de vida

não podem ser invertidos:

ela é toda ilusão.

São Paulo, 16 de julho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 20/08/2009
Código do texto: T1764510
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.