MINHA TRISTE PRIMAVERA
Primavera, Primavera:
Tu que sempre me encantavas,
que, com ansiedade,
eu sempre te aguardava...
de que interessa, para mim,
agora a tua chegada
se confinada sob tenebroso inverno
ficou a minha alma?
De que adianta, para mim,
este lindo dia,
este céu azul,
este sol brilhante
se não mais existe
aquela que fazia florescer
o jardim do meu coração?
De que me interessa agora
na frente da minha casa
a visita dessas outras flores
que sempre negaram em comparecer,
se não há mais aquele olhar,
se não há mais aquele sorriso,
se não há mais aquela presença
que com amor perfumava o meu ser?
Ao invés de consolo, Primavera,
tu cobres é de mais angústia
o meu coração.
Diga-me de que adianta
agora a minha vida
se a melhor parte dela já se foi?
Todavia, não penses que estou
a desistir do viver.
Não, não desistirei jamais:
Pelo contrário, Primavera,
quero continuar vivendo muito esta dor,
pois o vento frio
desse inverno em que me encontro
por mais terrível que ele seja,
pelo menos me traz de volta o que a tua brisa não consegue:
um pouco do perfume daquela flor.