CAMINHO DE IDA
Como se pode viver de saudade
sem morrer-se um pouco?
Todos os dias ouvir no amanhecer
o mesmo passaro, a mesma canção
mas nao ter a mesma morada
nem as flores de um jovem coração.
E eu pergunto:
Como viver de saudade
vendo o sabor da idade
tomando o gosto mais uma vez e mais?
E ver secar aquele terreno moço
E mesmo com água no poço
a sede não poder matar
Fechar os olhos e ver uma vala de sonhos
todos passando correndo
e o trem do tempo a levar.
Ver margarida-flor no vestido de chita
sorriso doce na vida
tranças que o vento assanhou.
Ver no espelho
a mesma cor no cabelo
porém, no olho o tempero
que as mãos do tempo deixou.
D.V.
21/07/98
Copyright © 2003-2006 Dulce Valverde
All Rights Reserved