CAMINHO DE IDA

Como se pode viver de saudade

sem morrer-se um pouco?

Todos os dias ouvir no amanhecer

o mesmo passaro, a mesma canção

mas nao ter a mesma morada

nem as flores de um jovem coração.

E eu pergunto:

Como viver de saudade

vendo o sabor da idade

tomando o gosto mais uma vez e mais?

E ver secar aquele terreno moço

E mesmo com água no poço

a sede não poder matar

Fechar os olhos e ver uma vala de sonhos

todos passando correndo

e o trem do tempo a levar.

Ver margarida-flor no vestido de chita

sorriso doce na vida

tranças que o vento assanhou.

Ver no espelho

a mesma cor no cabelo

porém, no olho o tempero

que as mãos do tempo deixou.

D.V.

21/07/98

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