Primavera

Meio aos meus dias... do caminho nada reconheço,

E de tantos anseios do passado muitos já esqueço,

Passo lento ... distraído aos poucos me despeço,

Rumo a um futuro impreciso, desconhecido... Incerto.

E os desafios contidos já não me encantam,

Pois a cada dia o horizonte está mais perto,

No fim do arco íris um frio sombrio desperto,

Junto a temores que meus sonhos espantam.

O doce da maça, já não tão rubra,

Amarga na boca do tempo, na espera,

As luzes ofuscadas pela noite escura,

Entorpecem na sombra de uma promessa eterna.

E sigo... Num vício que não sei do início,

E que do fim já não tenho certeza,

Mas continuo, ainda que perdido o sentido,

Mantenho longe o que poderia ser tristeza.

Uma brisa me acompanha ao longo desta estrada,

Revolve folhas que acarinham profundas marcas.

Inevitável não secar a face umedecida de saudade.

...dos sorrisos, beijos, dos olhos consumidos de emoção.

Inevitável conter o brotar do orvalho no pulsar da estação

Sangrando sob um outono seco de uma arvore.

Quão é inevitável o nascer das pétalas da primavera

Revigorando cores, os aromas... uma nova espera.