Homem e Porto

Há em mim um porto,

E nele ancoram saudades divinas...

Há em mim um porto, e mais um pouco,

No Déjàvu de um olhar em relancina...

Há em mim, um outro homem,

E neste homem, outras sementes,

Que germinam e alimentam a fome,

Deste porto reminiscente...

Há em mim tanta dor,

Que já nem chega doer mais,

Pois combinada ao amor,

Já não possui efeitos colaterais...

A não ser pelos sons dos sapatos,

Que acariciam a calçada e a rua,

Dando ao artista um novo ato,

Ao porto despido de lua...

Há em mim um porto,

Desfigurado pela poesia,

De um poeta de sentimentos... louco...

Mas encantado por sua magia...

Há em mim tantas coisas... Composições!

Talvez o trilho dos vagões, apenas...

Com descarga elétrica de emoções,

Que por razões se tornaram pequenas...

Pois há mim tanta saudade,

Que simplesmente se espargiria...

Trazendo-me a esta cidade,

Porto Alegre... Porto Alegria...

E por mais que eu me convença,

Que a distância é enorme a nos separar...

No meu coração, há sua presença,

E a vontade eterna de voltar...

E a este porto ancorar,

Ao meio de um pôr-do-sol de abril,

E poder minhas lágrimas derramar,

E misturá-las as águas do teu rio...