melancolico foi o ratro dos dias

o menino sonha

o menino quer brincar

o menino estar preso

nao tem pra onde ir

nao tem quem levar

um menino tem um aperto no peito

o menino tem raiva de si mesmo

ninguem olha o menino

o menino chora

e seus olhos vertem muitas lagrimas

o menino chora só

e uma frenesi enorme acontece no mundo

as aguas fluem

como no rio

como no canto dos olhos até chegar a boca

um som baixinho de segredo acampanha o choro do menino

o tempo anda

marcha como soldado em campanha

a vida anda

empurrando tudo que encontra pela vida

inclusive os amores

os amigos

as cidades de infância

a infancia do menino se emaranhou no tempo

fugiu ameacada no tempo

o menino ficou sem sua alma

sem sua infancia

a infancia é nossa alma

O escorrer de nossos sentimentos

é a arvores se mexendo

as nuvens indo pro canto do ceu

tem tambem os amigos partindo

as casas pintando

outras sendo derrubadas

os primeiros anos

os anos que foram cegos de saber

mas nao cegos do sentir

o menino chora o rio que ficou preso

a arvore derrubada

as queimadas

a mae morta

o pai que morreria logo

a escola sem amigos

a surra embaixo de alguns olhos

o esgoto que faz do seu rio de infancia

o abandono de tudo

Levaria de novo seu sonho pra longe

se perderia de novo nos napies

buscaria cajas

e amaria aquela menina que o quis muito jovem

a vida escorreu

varreu

derramou

se misturou com a terra e suas saudades

tudo virou cinza nas aguas do chao e no rio que morreu

a cidade se apequenou

as ruas morreram

as casas continuam contando suas historias

nas suas cores, na sua forma e no seus desgaste

a infancia se perdeu

no nao

no chingo

no silencio exagerado

perdeu em deus

e no diabo tambem

a infancia ser perdeu em narciso

a infancia virou envencao

e agora vira poemas

morreu a praça

e o amor ficou nela

sentados olhando pra cima em direcao a casa grande

o amor nao aguentou esperar

a terra que mais gosto é a terra vermelha

se eu pudesse moraria nas estrelas

e olharia minhas ruas nas manhas sem nuvens

faria ao contrário

a melancolia é o caldo do nao viver

é a vida suspensa

é o não encravado no coração

é a raiva que ficou estagnada na gente

raiva por não possuir as estrelas

Não é uma saudade

é quase sua ausência

é o passado num quarto barato

á solidão de não ter nem nossas experiencias

viveria tudo de novo

mas dessa vez com uma faca na mão

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 14/02/2010
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