Maldita hora

Maldita hora em que resolveu partir

Não tinha o direito de deixar-me só

Poderia ter me perguntado antes

Solicitado meu dedo ou uma parte de minha panturrilha

Maldita hora em que produziu saudade

Preciso dizer que respirei melhor em sua companhia?

É necessário afirmar que a tarde sempre lembra seus cabelos em mim?

Sinto falta e uma coroa de espinhos repousa em minha cabeça

Maldita hora em que preferiu partir

Conseguiu minha mente atormentar

As chances - definitivamente - apagar

E minhas lágrimas caíram como um mar

Maldita hora em que resolvi lhe sentir

Encontrei-me novamente em segurança

Enchi os meus pulmões de esperança

E acreditei em quem “espera sempre alcança”

Maldita hora em que se foi

Levou contigo tudo e nada que eu já tinha sempre

Nada e tudo que eu nunca tive

E pouco de tudo que foi sempre mais e alguma coisa

Maldita hora em que preferiu viajar

Ficou tudo confuso e minha inspiração sempre a desejar

Troco as palavras e as letras saem do.... lugar

Fiquei tonto e minha coluna voltou a se entortar

Maldita hora em que invadiu meu ser

Há tempo não me preocupo com o ter

E pouco tenho a oferecer

Minhas letras são nada diante do que tens a merecer

Maldita hora em que me entreguei

De lá para cá não mais sosseguei

Traído sempre me sinto e cansei

Retomar é novamente invadir um espaço que antes reneguei

Maldita hora em que me preteriu

O mundo simbólico em que vivo se feriu

Um mangue de sentimentos se esvaiu

A poluição de pensamentos invadiu

Maldita hora em que se foi

Fiquei feio e gordo como um boi

Tornei-me sujo e cansado

Meu corpo destruído e abalado

Maldita hora em que permiti sua ida

Obrigatoriamente modifiquei minha vida

Decidi por não perder a guarita

Introspectivo sigo na lida e devagar espero outra ferida.