Sodade do Meu Cantin

Sodade do Meu Cantin

Óia Seu moço

Eu nunca perdi o custume

Tô na cidade grande

E tenho sodade de lá...

De madrugada

Sinto a farta do prefume

Que os campo sem quêxume

De presente vem me dá...

E o loiro sol

Mostra a cara de mansin

Inlumina o meu rio

Que me dá o de alimentá...

E abro a porta

E penso logo na portêra

Que se abria tão facêra

Quando me via chegá...

Seu rangê

Paricia inté um sorriso

Era uma felicidade

Ao vê o fio regressá...

A junta de boi na istrada

Pa mode levá o alimento

Coiêta farta e sagrada

Puêra curtina ao vento

Lá na cuzinha

Mamãe cuava o café

Pão de quêjo já no forno

Pra dispois saboriá...

Daqui distante fico a imaginá

O baruio da cascata

Lá na serra a derramá

Em lua clara, Nôte de lua crara

Fazia a serenata

Pra morena Mariana

Que eu deixei por lá...

Meu véio pai

Pegava a sua viola

E a meninada pelo chão

Inté dava gosto de iscuitá...

Matava a sede

Nas linda vereda

Quando ia campiá

Era bonito vê a campina

E eu ali

Esse matuto

No meio dos animá...

A sodade é tanta

Que os meu zóio vai inté fechá

Vô adrumecê mais cedo

Pra mode eu sonhá

Cum as maravia

Do meu doce recanto

Que as vêis entro em pranto

Só de arrecordar...

Êh!Vida da roça

Vida do campo

Sodade da criação

Fugão de lenha

Humilde palhoça

Chêro da terra

Do meu nobre sertão!

Tinga das Gerais

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 14/03/2010
Reeditado em 19/12/2018
Código do texto: T2138643
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