Retrato

Perdido no meio da multidão

Assim me sinto

Assim me sento

Fico olhando atento os rostos de quem passa

Esperando em algum momento cruzar com o seu

E eu, nesta praça, nesta solidão

Vou matando o tempo com suas mãos

Tapando meus olhos

Tocando nas minhas

Escrevendo estas linhas...

E nisto voçê não vem, não tem como

Não sei porque que insisto

Não sei porque que espero

Porque que minhas mãos esfrego

Porque que me comporto como um louco

Achando nas pedras da calçada algum conforto

Alguma companhia

Para dois dedos de conversa até ser dia

E voçê não chega, não tem como

E como doi

No bolso o seu retrato que não guardo

No peito a sua voz que não me lembro

E no meio da multidão que já se foi

Assim me sinto

Assim me sento

TrabisDeMentia
Enviado por TrabisDeMentia em 14/08/2006
Código do texto: T216174