Retrato
Perdido no meio da multidão
Assim me sinto
Assim me sento
Fico olhando atento os rostos de quem passa
Esperando em algum momento cruzar com o seu
E eu, nesta praça, nesta solidão
Vou matando o tempo com suas mãos
Tapando meus olhos
Tocando nas minhas
Escrevendo estas linhas...
E nisto voçê não vem, não tem como
Não sei porque que insisto
Não sei porque que espero
Porque que minhas mãos esfrego
Porque que me comporto como um louco
Achando nas pedras da calçada algum conforto
Alguma companhia
Para dois dedos de conversa até ser dia
E voçê não chega, não tem como
E como doi
No bolso o seu retrato que não guardo
No peito a sua voz que não me lembro
E no meio da multidão que já se foi
Assim me sinto
Assim me sento