COM VOCÊ/SEM VOCÊ
P/meu filho GERALDO ALVERGA
Com você fui o sândalo a perfumar
A floresta virgem que à vida conduz.
Com você fui a água que canta, pássaros a gorjear.
Com você fui o amor, o sorriso e a luz.
Sem você sou o nada a perambular perdida,
Pelos caminhos íngremes, a receber açoites.
Sem você sou o pântano, o lodaçal da vida,
Sou o contrário da luz: sou o escuro das noites.
Com você fui o firmamento azul celeste,
Fui as estrelas d’alvas da vida a cintilar.
Com você fui a brisa mansa que sopra no Nordeste.
Com você fui as flores, os jardins a perfumar.
Sem você sou o solo seco e árido. Decerto
Sem você sou uma terra pobre, um povo sem pão.
Sem você sou a miséria, a aridez do deserto.
Sou um corpo sem vida, a eterna solidão.
Com você fui a reza da Missa. Fui o canto
Da prece que une. Fui a beleza da flor.
Com você fui a graça, a ternura, o encanto.
Com você fui a vida, a beleza, o amor.
Sem você sou a lágrima fremente.
Sou a mágoa, a descrença, a maldade.
Sem você sou a dor, a revolta somente.
Sem você sou o ódio, a tristeza, a saudade.
Marisa Alverga