COM VOCÊ/SEM VOCÊ

P/meu filho GERALDO ALVERGA

Com você fui o sândalo a perfumar

A floresta virgem que à vida conduz.

Com você fui a água que canta, pássaros a gorjear.

Com você fui o amor, o sorriso e a luz.

Sem você sou o nada a perambular perdida,

Pelos caminhos íngremes, a receber açoites.

Sem você sou o pântano, o lodaçal da vida,

Sou o contrário da luz: sou o escuro das noites.

Com você fui o firmamento azul celeste,

Fui as estrelas d’alvas da vida a cintilar.

Com você fui a brisa mansa que sopra no Nordeste.

Com você fui as flores, os jardins a perfumar.

Sem você sou o solo seco e árido. Decerto

Sem você sou uma terra pobre, um povo sem pão.

Sem você sou a miséria, a aridez do deserto.

Sou um corpo sem vida, a eterna solidão.

Com você fui a reza da Missa. Fui o canto

Da prece que une. Fui a beleza da flor.

Com você fui a graça, a ternura, o encanto.

Com você fui a vida, a beleza, o amor.

Sem você sou a lágrima fremente.

Sou a mágoa, a descrença, a maldade.

Sem você sou a dor, a revolta somente.

Sem você sou o ódio, a tristeza, a saudade.

Marisa Alverga

MARISA ALVERGA
Enviado por MARISA ALVERGA em 25/08/2006
Código do texto: T224680