SAUDADES

Para meu filho GERALDO ALVERGA

Já fui feliz. Vivi num mundo encantado

De sonhos, flores, luzes e cores.

Hoje no meu mundo sopra o frio desgraçado

Da ausência eterna de quem era meus amores.

Vivia alegre e sorridente. Eu era amável.

Eu fui a música, os pássaros, a canção

Mas o destino impiedoso e implacável

Roubou-me a vida, a alma e o coração.

Eu tinha junto a mim um colibri

Uma cotovia que cantava sua lida

Um adolescente de alma pura a se abrir

Um poeta que cantava e encantava minha vida.

Mas... num triste e malsinado 25 de agosto

Numa tarde sombria e nenhum brilho

A morte sem atentar para as lágrimas do meu rosto

Roubou-me a vida preciosa de meu filho.

Me fui com ele até dos mortos a mansão

Seu corpo amado cobri de beijos e na verdade

No cemitério deixei a vida, a alma e o coração

E só restou prá mim a dor e a saudade.

Quando da vida eu também me for

E só Deus e os anjos saberão

Encontrarei meu filho e o cobrirei de beijos

E estaremos juntos na ressurreição.

E então feliz outra vez serei

Serei a rosa e da canção o estribilho

Serei feliz na mansão do nosso rei

Quando puder, por entre beijos, abraçar meu filho.

Juntos novamente ficaremos

A brincar, dançar com alarde

De mãos dadas pelo Céu nós cantaremos

Provocando revolução na eternidade.

E haverá reclamação na certa

Espalharei o meu amor e adeus tranqüilidade!

Mas Deus dirá: esta é a mãe do meu poeta

Deixe-a ficar. Ela morreu de saudade!

Marisa Alverga

MARISA ALVERGA
Enviado por MARISA ALVERGA em 25/08/2006
Código do texto: T224690