Saudade é o Amor que Fica

Pássaro preso na gaiola de vento,

goela de lince que enlaça o pensamento,

longe é um ligar que não existe

nos dedos tortos da moça triste

que nem o vermelho da tinta,

nem o rouge,

nem o carmim,

nem a lembrança ausente se desfaz de mim

Trovadores de incelências perjuram donzelas

presas nas torres de castelo,

ou descartadas sobre os jardins do palácio

após o último pontapé na janela.

E loas que se partem no caminhar

não são mais reais que o andor

sustentando o divino

sobre os ombros do homem comum

Sobre todas as crenças, conserva a dúvida.

Sobre todas as dores, permanece atento.

É na esquina da solidão que se oculta o sofrimento.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 12/05/2010
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