Onde andarás, Nefertiti?

Onde andarás, Nefertiti?

Saudade não mata a gente; saudade nos suga como um carrapato sedento.

Saudade é um fantasma a rodear os incautos, a nos apertar lentamente

O peito sangrando aberto, cheio de saudade de gente que não sai da mente da gente.

Esta nossa vida de altos e baixos, uma falsa alegria por fora, uma grande saudade por dentro.

Amores nos vêm em monção, amores em enxurradas se vão, amores nos deixam irremediavelmente sós, amarrados aos nós da paixão.

Onde andarás, Nefertiti? Teu nome três vezes gritei; negaste-me outras três vezes - e no silêncio da noite eu chorei.

Embalsamei meu desalento sozinho, tua voz não mais escutei; cansei de esperar pelos deuses -e de teu lembrar desertei.

Saqueaste meu cabedal de esperanças, meu involuntário sonhar; Saudade,meu sangue a Terra devolvo – liberto-me de tua prisão.

Não tens amor, Nefertiti. Não sabes o que seja amar; és o lado oculto da Lua, sortilégio noturno a nos aprisionar.

Quem em tua rede se deita, dela ileso não sai; carrega a tua marca nos olhos prá não te olvidar jamais.

Amar-te foi doce e doído, um pêndulo de realidade e ilusão. Ficar sem ti é castigo, é sentença pesada demais.

Teus beijos de mil sabores, teu abraço sem comparação, entesourei em minh’alma, alma pejada de dores de tua saudade sem par.

A saudade é como um assaltante postado de tocaia. Sempre nos pega quando não podemos nos defender dela, quando estamos com todas as nossas defesas desguarnecidas. Nesses momentos em que a sombra da saudade nos invade a alma, o melhor a fazer é aceitar o cerco e relembrar. Qualquer tentativa de resistência se torna inútil quando o amor vivido foi muito grande.

São José dos Campos, madrugada de Quinta-Feira, meados do mês Maio de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 20/05/2010
Reeditado em 20/05/2010
Código do texto: T2267933
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