Do alto da serra

Quando passo por esta serra

No sopé desta serra encerrava um casebre branco

Posso ver as janelas de duas tábuas cor amarela

Da chaminé a fumaça, dá vida ensejando delicias.

Quando criança olhos ansiosos perdidos nas panelas

Na frente o terreiro, varrido com folhas de Alecrim.

Um caminho lateral estreito levava até a bica

Da serra vinha água pura natural em tubos de bambu

A frente uma porteira de mourão resistente

Naquele mourão talhei, datei gravei meu nome.

O tempo, a natureza, o homem derrubou.

Hoje passando por esta serra com olhos de saudade

Sinto o ranger da porteira o cheiro das panelas

Na lembrança a casinha branca com sua fumaça

Da cerca de arame flores de cipó de São João

O mourão já não geme nas pancadas da porteira

Já não há mais porteira, apenas devastação.

Já não tem mais menino feliz a correr a abrir.

O menino cresceu com pés no mundo sumiu.

Toninhobira.

24/05/2010

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 27/05/2010
Código do texto: T2283977
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.