Brilho...
Sem que eu pudesse retê-la
foi de volta para uma estrela.
Deixou-me saudade nos braços
a compensar-me pelos abraços
tão impossíveis de se deixar...
Porque não quisesse, talvez
ou que esperasse outra vez
uma hora pra me encontrar....
Ficou-me a suave lembrança
daquele seu jeito todo arredio,
uma linda e tímida esperança
que reina sobre o vazio...
Eu ainda espero por sua volta,
quando a imaginação se solta,
procurando por seus sinais...
Mas, já não os encontro mais!
Em meu corpo, seus vestígios:
uma leve mancha de seu batom
a doce marca de uma mordida...
Saudade é voz que não tem som;
não esconde nem cura a ferida,
pois se desvanece na madrugada
levando a imagem daquela fada
e me privando de tais prodígios.
Eu me recolho em minha poesia,
sempre um canto sem estribilho,
perdendo a noite, guardando o dia
pois se a noite é a mãe feiticeira
resta um sol sem companheira
na solidão de seu próprio brilho...