PAI, 23 ANOS DEPOIS...

No dia dos pais, me permiti ficar calada...

A saudade sacudiu-me a alma

e eu deixei o canto sossegar...

Não precisei dizer nada...

Meu olhar dizia tudo

e minha voz embargada

era a prova manifesta

desta saudade de você...

Enquanto o reboliço envolvia

a todos na sala, poesia

ficava calada em mim...

Lembrava de seu carinho,

de toda aquela ternura

que mostrava a alma pura

para o mundo todo ver...

Pai, pessoa querida,

que viveu por toda a vida

sem praticar o mal...

Foi exemplo de virtude,

foi meu sol, minha quietude

quando pequena flor

nos seus braços me acolhia...

Fui o seu raiar do dia,

e sua aurora boreal...

Fui o encanto de seus dias,

nos meus primeiros anos...

Ele foi meu braço forte,

nos meus próprios desenganos,

meu confidente querido,

que me ouvia ao pé do ouvido,

me ensinando a suportar

a nevasca e o vento forte,

que soprava no meu norte,

procurando me matar...

Me mostrou com seu exemplo

que o medo é um peregrino,

que parece ser gigante,

mas tem força de menino...

Ele que foi tão valente,

tinha ternura na alma...

Olhava prá mim contente,

transmitindo tanta calma,

quando o frio da amargura

fazia meu canto tremer...

Ele era meu porto seguro,

aquele em quem confiava...

Nunca me disse um "não"

e me vendo no seu rosto,

me olhando nos seus olhos,

sabia que poderia

terminar a caminhada...

Que sua força me imprimia

confiança e fé em Deus...

Hoje, não toco em suas mãos,

não escuto sua voz...

Mas seu exemplo perdura,

por herança foi ternura

o que ele me legou...

E dentro desta verdade,

eu construí o meu sonho...

Deixei a dor dissipar...

E mais forte que a vida,

mais valente que a dor,

ele foi para mim

um espelho só de amor!

17:45 hs do dia 13/08/2010),

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 13/08/2010
Código do texto: T2436264
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