VARAL DAS LEMBRANÇAS

Seca no varal as lembranças

enquanto o disco de vinil

ainda toca na antiga vitrola.

O sapato bicolor de verniz

foi encontrado sem os saltos;

ele já não é lustroso, é opaco.

O pé de maracujá

com suas flores exuberantes murchou.

Sabe aquele beija-flor?

Pois é, de jardim mudou,

cansou de esperar a rara flor.

O espelho de cristal foi quebrado,

o caminhão do lixo o transportou,

nunca mais a sala de estar enfeitou.

A rede da varanda

teve os punhos cortados,

virou pano de chão amarrotado,

só assim aquele vai e vem sossegou.

O principal não foi contado:

O sorriso encantado, feneceu.

Os olhos que enxergavam azul

agora enxergam breu.

Os cabelos negros

foram tingidos de prateado.

A voz da escrita silenciou.

O tempo passou...

O tempo passou...

O tempo...

Passou...

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 28/09/2010
Reeditado em 13/12/2012
Código do texto: T2526483
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