ISSO TAMBÉM É AMOR


Remexendo nos guardados
Esquecidos lá num canto
Tentando não mais lembrá-los
Escondi por alguns anos.
Lembranças de tempos idos
Que eu queria esquecer
Ficaram ali esquecidos
Dos meus olhos, do sofrer...
Mas aqui dentro do peito
Não deu jeito de esconder.
Decidi voltar no tempo
Somente pra recordar
E como a emoção não mente
Num segundo estava eu lá,
Às voltas com o passado
Revolvendo cinzas mortas
Com a saudade do lado
Escutando atrás da porta.
Silenciosa e resignada
Que só eu compreendia
O porquê de tão calada
Que até de mim se escondia.
E com as mãos procurava
O que eu queria esquecer,
E a saudade aumentava
Fazendo o peito gemer
Enquanto lágrimas rolavam
Regando o amanhecer...
Que de repente despontava
Como todo alvorecer.
A noite inteira eu vagava
Às voltas com o passado
E a saudade aumentava
Seguindo-me passo a passo
A cada passo que eu dava.
Remexendo os meus guardados
Nada mais me preocupava
Só queria relembrá-lo
Revendo o que eu conservava
Passei toda noite ali
Revivendo o que passou
Até que enfim compreendi
Que isso também é amor.


Brasília, 20/11/2010