Na Via Expressa

Vejo o horizonte largo de minha janela estreita

Adivinho as estrelas atrás do azul febril que o sol impõe

– estrela mais próxima, nem por isso a mais bela –

preciso seu olhar entre os rostos apressados

na via expressa

não brilham as foscas íris de toda a gente comum

como cintila o feto de lágrima pendente do canto do olho

que ainda busco freneticamente nos encaveirados vultos

da via expressa

Pés de toda a sorte esparramam lama

emporcalham as barras das saias

filtram a água que regressa aos céus

e choverá noutros campos

ora verdes

ora enegrecidos

negros como o carvão

da pupila que insisto em procurar

na via expressa.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 14/10/2006
Código do texto: T263920